segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Momento Dose Dupla

Em pleno Carnaval falarei de uma arte que nos intriga como capacidade humana, de amizade, compaixão, amor e respeito (tudo que é pregado no dia festeiro). Falarei da obra O ensaio sobre a cegueira pelo autor José Saramago(livro) e pelo interpretador Fernando Meirelles(filme). E para acabar com aquela historinha de que o Livro sempre é melhor que o livro, eu afirmo: MENTIRA! Acho que as pessoas devem apreciar as obras como elas são, saber distingui-las e não limitar suas mentes.

O livro lançado em 1995 pelo autor português José Saramago ganhou prêmio Nobel da Companhia de Letras. Ensaio sobre a cegueira tem como característica uma leitura difícil, com poucos parágrafos e separações (quer dizer que as pontuações são quase inexistentes, entrelaçando o texto com as falas). Porém é um livro completamente atraente e viciante, com um drama que toca os pontos mais questionáveis do ser humano: amor (em todos os tipos), amizade (onde pode chegar), a fé e o verdadeiro sentido humano. Do início ao fim você se comove com os personagens e com a história.

A história se trata de um drama. A partir de um homem, depois uma epidemia e depois todo mundo, fica cego. Uma cegueira branca, nunca “vista” ou estudada que ainda é contagiosa e que por algum motivo não afetou uma única mulher que, por sua vez, acompanhou seu marido numa jornada encontrando com vários personagens que vêem e vão durante um enredo de suspense e de dor. Relações de liderança, postura governamental e atitudes de cidadão são colocas em cheque a todo instante num caso sem solução.

O filme exibido em 2008 dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles provocou um grande impacto em Cannes, um certo repúdio ao quão forte era o filme. Porém foi visto por José Saramago como uma arte de outro artista, que chorou e se emocionou ao assistir. Uma história interessante é que Meirelles batalhou por alguns anos antes de conseguir a autorização do escritor para ter o direito de produzi-lo(que no final pra mim é um dos 5 melhores filmes que já vi na vida – o famoso TOP5). O filme que domina o telespectador com um show de fotografia e se mostra fiel ao drama latente, com algumas adaptações para uma produção audiovisual. Também tem que se destacar o elenco com Mark Ruffalo(De repente 30), Alice Braga(O cheiro do ralo), Danny Glover(Máquina Mortífera) e as excelentes atuações de Gael Garcia Bernal(Diários de motocicleta) e Julianne Moore(As horas). O roteiro com os diálogos marcantes com certa fidelidade também são um ponto forte para ser lembrado. Um conjunto de obra excepcional.


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